Ford fábrica São bernardo — Foto: Divulgação |
Linhas Cargo, F-4000, F-350 e
Fiesta serão comercializados até o final dos estoques. De acordo com a marca, a
decisão é "um importante marco no retorno à lucratividade sustentável de
suas operações na América do Sul".
A Ford anunciou nesta
terça-feira (19) que vai fechar a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) neste
ano e que vai parar de vender caminhões na América do Sul.
De acordo com a marca, a
decisão é "um importante marco no retorno à lucratividade sustentável de
suas operações na América do Sul".
Veja os modelos que deixarão
de ser vendidos no Brasil quando terminarem os estoques com o fim da produção
em São Bernardo:
Fiesta
Cargo
F-4000
F-350
“A Ford está comprometida com
a América do Sul por meio da construção de um negócio rentável e sustentável,
fortalecendo a oferta de produtos, criando experiências positivas para nossos
consumidores e atuando com um modelo de negócios mais ágil, compacto e
eficiente”, disse Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul.
Segundo comunicado divulgado
pela fabricante, a medida foi tomada após vários meses de busca por
alternativas, que incluíam parcerias e até a venda da operação. O volume
excessivo de investimentos para atender às necessidades do mercado e os
crescentes custos com itens regulatórios teriam tornado inviável manter um
"negócio lucrativo e sustentável".
Entre as iniciativas
anunciadas, estão ainda:
redução em mais de 20% dos
custos referentes ao quadro de funcionários e à estrutura administrativa em
toda a América do Sul;
fortalecimento da linha de
produtos com ênfase em SUVs e picapes;
expansão de parcerias globais,
como a recente aliança com a Volkswagen.
Consultada pelo G1, a Ford
disse que ainda não mensurou a quantidade de funcionários afetados pelo
encerramento das atividades da fábrica, mas que haverá um "número
significativo". Na unidade trabalham cerca de 3 mil pessoas de diversos
outros setores.
A empresa diz que, em conjunto
com concessionários e fornecedores, "manterá apoio integral aos
consumidores no que se refere a garantias, peças e assistência técnica".
Repercussão
O Sindicato dos Metalúrgicos
de Santo André disse que a decisão já era esperada. De acordo com o presidente,
Aparecido Inácio da Silva, já havia um processo de negociações que indicava
para o fechamento da fábrica.
"Quando um negócio vive
em busca de benefícios, se sacrificando ou buscando alternativas pra
sobreviver, não há como tornar o saldo positivo", apontou Aparecido.
Em nota, o presidente da
Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), Miguel Torres,
disse que repudia a decisão da Ford, a qual classificou como
"irresponsável e perversa".
Segundo ela, a empresa
"só visa o lucro e despreza compromissos econômicos e sociais assumidos
com a classe trabalhadora, a sociedade, o município e a região". Torres
destacou que outra montadora, a GM, também ameaçou fechar fábricas no Brasil e
na América do Sul recentemente.
Custo da saída
A montadora prevê uma despesa
extra de US$ 460 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão a câmbio atual) por conta do
encerramento das operações.
Desses, cerca de R$ 360
milhões serão gastos na compensação de funcionários demitidos, concessionárias
e fornecedores e vão impactar o caixa da empresa. Outros R$ 100 milhões estão
relacionados à depreciação acelerada e amortização de ativos fixos – perda de
valor de máquinas e estruturas que deixarão de ser utilizadas, por exemplo.
A Ford diz que a maior parte
dessas despesas serão contabilizadas em 2019 e que os valores já estão inclusos
nos US$ 11 bilhões que ela prevê gastar para reestruturar seus negócios no
mundo todo. Desses, R$ 7 bilhões devem afetar o caixa.
Por: G1