Fernanda Noronha foi abordada
pelos PMs, que teriam revirado seu carro, bolsa e celular
Uma advogada denunciou abuso
de autoridade cometido pela guarnição da Cavalaria da Polícia Militar que
atuava na noite desta segunda-feira (1º), no conjunto Eustáquio Gomes, parte
alta de Maceió. Ela registrou um boletim de ocorrência na Central de Flagrantes
I, no bairro do Farol.
De acordo o presidente da
Associação Nacional da Advocacia Criminal em Alagoas (Anacrim-AL), Manoel
Passos, a advogada Fernanda Noronha relatou que foi até a casa de um cliente
para receber os honorários. Chegando ao local, ela teria chamado o cliente até
a porta e, nesse momento, os policiais passavam pelo local.
Como o cliente está em prisão
domiciliar, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica, os militares
começaram um interrogatório. "Eles começaram a perguntar se ele estava de
tornozeleira, se estava sendo monitorado. Foi quando a Fernanda se apresentou
como advogada dele e disse que os policiais precisavam respeitar a
Constituição, já que seu cliente está de tornozeleira e estava no perímetro da
residência", relatou Manoel.
Em seguida, os policiais
disseram que iriam investigar o caso e entraram na residência com a autorização
do cliente de Fernanda. A advogada contou ainda que eles reviraram todo o local
e, quando saíram, foram em direção ao carro dela.
Sem permissão, segundo o
presidente Anacrim-AL, eles reviraram o veículo, chegando a vasculhar a bolsa,
carteira e o celular pessoal da advogada. "Então, a guarnição da PM fez
essa atrocidade, descumprindo a Legislação Federal. Fernanda estava no
exercício da profissão. É bom ter em mente que o ambiente de trabalho também é
o veículo, não pode entrar sem permissão", explicou Manoel.
Além da invasão ao carro,
segundo o presidente, Fernanda relatou que os policiais usavam palavras de
baixo calão, menosprezando a categoria. "Eles estavam esculhambando mesmo,
com palavras que nem vale a pena repetir".
A advogada e o cliente, que
não teve o nome divulgado, foram até a Central de Flagrantes para registrar o
Boletim de Ocorrência (B.O). Além da Anacrim-AL, o caso será acompanhado pelo
Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg) e pelo Ministério Público
Estadual (MPE).
Por meio de nota, a OAB/AL
manifestou que repudia qualquer tipo de violação às prerrogativas e lamentou o
ocorrido com a advogada Fernanda Noronha.
Confira a nota:
NOTA
Ao tomar conhecimento do caso,
o secretário-geral da Ordem, Leonardo de Moraes, a Diretoria de Prerrogativas e
as Comissões da Mulher Advogada e Especial da Mulher acompanharam imediatamente
a advogada na Central de Flagrantes, que prestou depoimento ao delegado
plantonista.
O presidente Nivaldo Barbosa
Jr, que acompanha de perto a situação, agendou algumas reuniões de urgência e
garante que tomará as providências cabíveis para que se apure a conduta dos
policiais e que sejam tomadas as medidas necessárias.
"A OAB-AL repudia e não
admitirá qualquer tipo de violação às prerrogativas", arrematou o
presidente.
A guarnição envolvida no
ocorrido não quis se pronunciar sobre o caso. A Gazetaweb buscou contato com a
assessoria de comunicação da Polícia Militar, mas não teve retorno.
Por:Gazeta Web