Júlio Cézar reforçou a
segurança após descobrir plano para ser executado por bando/Foto:Reprodução/Facebook
Os prefeitos de Alagoas e
vereadores começaram as articulações para garantir os seus projetos de
reeleição. Os adversários também se movimentam nos bastidores políticos. No
Sertão e Agreste, antigos "coronéis" da política percebem a
fragilidade do aparelho de segurança pública com efetivos defasados, querem
manter seus redutos a qualquer preço e tentarão ampliar seus espaços de Poder.
Nas prefeituras, o clima é tenso.
Entre os chefes dos
Executivos municipais com medo morrer, dois estão na lista: o prefeito de
Palmeira dos Índios, Júlio Cézar da Silva (PSB), e Edimar Barbosa (MDB)
entraram na linha de tiro dos pistoleiros. Os dois escaparam ilesos de
emboscadas.
O caso mais recente é o do
prefeito Júlio Cézar da Silva, de Palmeira dos Índios, a 136 quilômetros de
Maceió. Ele tentará a reeleição. Ao saber de um suposto plano de execução, ele
redobrou a segurança. O prefeito escapou, por sorte, de dois atentados porque
os pistoleiros tiveram planejamento frustrado.
A Gazeta de Alagoas obteve
informações exclusivas dando conta que a morte de Júlio Cézar está orçada em R$
300 mil. Parte do dinheiro, cerca de R$ 90 mil, já foi gasto na aquisição de
dois carros: um de fabricação japonesa e outro nacional. As placas e as marcas
dos veículos não serão reveladas neste momento, para não atrapalhar as
investigações das equipes de policiais altamente operacionais que trabalham
sigilosamente no caso.
Além dos carros, os
envolvidos na trama criminosa gastaram pouco mais de R$ 20 mil em compras de
pistolas, fuzis, munição, coletes, entre outros equipamentos para facilitar
fugas e disfarces. Há 40 dias, os pistoleiros rondam aquele município do Sertão
na divisa com a região do Agreste.
Existem indicativos de que o
prefeito Júlio Cézar já deveria ter sido executado. A estratégia dos assassinos
era aproveitar as visitas do prefeito em obras e atividades públicas na região,
principalmente as que concentram muita gente. Nas duas emboscadas planejadas,
não houve a consumação porque a movimentação popular foi pequena. O prefeito
não sabia de nada.
Matadores
Pelo que a Gazeta apurou,
dois grupos de pistoleiros foram contratados para matar o prefeito de Palmeira.
Um grupo com quatro assassinos, alguns deles ex-policiais, foi arregimentado
nas cidades próximas ao município de Bom Conselho, no interior de Pernambuco,
região onde a polícia suspeita da existência de fazendas de criminosos que
roubam bancos e matam políticos por encomenda. Outro grupo, também com quatro
homens, são do Agreste: de Arapiraca e cidades vizinhas. Também há suspeita de
ex-policiais envolvidos.
Integrantes dos dois grupos
têm sido vistos com frequência rondando a cidade, ruas próximas à prefeitura e
comunidade de Palmeira de Fora, onde Júlio Cézar mora com a família. Um dos
suspeitos foi identificado porque tem feito perguntas a funcionários públicos
municipais e moradores da região, a respeito da rotina do prefeito.
Recentemente, um informante de um dos assessores da prefeitura alertou Júlio
Cézar para o perigo de emboscada que pode acontecer a qualquer momento. Isto o
fez mudar a rotina de trabalho e reduzir as aparições públicas.
Crime Cibernético
As desconfianças dos
eleitores aumentaram depois que ele apareceu em um "nudes" (foto sem
roupa) nas redes sociais. O problema foi parar na Justiça e é tratado como
"crime cibernético" desde o ano passado. A origem é passional. O caso
é investigado pelo delegado Thiago Prado, que identificou a pessoa acusada de
divulgar os "nudes".
Os assessores de Júlio Cézar
confirmaram que o "caso do nudes" viralizou nas redes sociais e ainda
faz parte dos comentários jocosos dos bastidores políticos de Palmeira. Porém,
os assessores garantem que já está praticamente esclarecido, com suspeitos
indiciados e os envolvidos devem responder na justiça por crime cibernético.
A Gazeta tentou entrevistar
o prefeito. Ele evitou conceder entrevista e não quis fornecer mais detalhes a
respeito do caso para não atrapalhar as investigações policiais. Ao agradecer o
apoio do Ministério Público Estadual e afirmar que confia no trabalho da polícia,
disse acreditar que o caso em breve estará esclarecido. Adiantou, porém, que a
polícia dispõe de informações importantes que podem ajudar a esclarecer tudo.
Sobre política, também evitou falar. Não descartou o projeto de reeleição.
Prefeito de Ouro Branco
reforça segurança pessoal
O outro prefeito jurado de
morte é o do município de Ouro Branco, no sertão de Alagoas, Edmar Barbosa
(MDB). Ele escapou de um atentado à bala na zona rural do município no último
dia 11. O carro dele foi atingido por tiros, numa emboscada armada por
pistoleiros ainda não identificados pela polícia. Os criminosos agiram no velho
estilo de crimes de encomenda: usaram motocicletas e aproveitaram o momento que
o prefeito estava longe da cidade para emboscá-lo. O prefeito escapou ileso.
Dois delegados do Sertão -
Hugo Leonardo e Diego Nunes - investigam o caso. Testemunhas e informantes da
polícia estão sendo ouvidos na delegacia de Ouro Branco. Os policiais suspeitam
de crime com motivação política. Mas não descartam nenhuma possibilidade,
revelou o chefe de serviço da delegacia, policial Laelson Cavalcante. A polícia
trabalha também com a possibilidade de assaltos, por conta das últimas
ocorrências contra jovens de famílias tradicionais e trabalhadores rurais. O
delegado José Nunes Ferreira Feitosa está à frente do caso e conduz as
investigações sigilosamente para não prejudicar o trabalho dos colegas.
O inquérito estava com a
delegacia de Santana do Ipanema, que registrou a ocorrência durante o plantão.
O atentado ocorreu quando o carro de Edmar Barbosa trafegava na zona rural. Os
pistoleiros fizeram vários disparos contra o prefeito. O carro foi atingido, o
prefeito conseguiu escapar sem ser atingido pelos disparos. Segundo o chefe de
serviço da delegacia, Laelson Cavalcante, além da abertura do inquérito do
caso, também estão sendo feitas diligência na região.
Segurança pessoal
O prefeito Edimar Barbosa
tem evitado aparições públicas, mudou a rotina de trabalho e tem confidenciado
a amigos que teme pela sua segurança. Ele entrou em contato com a Secretaria de
Estado da Segurança Pública (SSP) e pediu apoio. "Exerço cargo público,
neste momento. Por isso, recorri à Secretaria de Segurança Pública para pedir
apoio a fim de garantir a minha integridade física", afirmou o prefeito de
Ouro Branco ao ser entrevistado recentemente pelo G1.
O prefeito disse ainda não
ter suspeitas sobre quem cometeu o crime e que espera que a investigação
policial chegue aos culpados. Além do caso dos prefeitos ameaçados, o Serviço
de Inteligência da SSP monitora movimentaeta Webções políticas nos municípios
de Delmiro Gouveia, Batalha, Major Izidoro, Olho D`água das Flores, Estrela de
Alagoas e Minador do Negrão. Nestas cidades do Sertão tem históricos com
políticos violentos. O clima é de atenção.
Por:Gazeta Web