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Quinta operação da PF contra
governo gerou memes nas redes sociais/Foto: Reprodução
Pressionado por mais uma operação da Polícia Federal em seu governo, Renan Filho (MDB) acelerou os passos e tenta emplacar uma agenda positiva em meio à descoberta por órgãos de controle de um esquema que pode chegar a R$ 30 milhões na Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). Durante os seus dois mandatos, as equipes federais já realizaram cinco operações contra irregularidades e fraudes, sendo três delas apenas na pasta da Saúde, e com três secretários diferentes. Os valores envolvidos nos esquemas passam, segundo as investigações da polícia e do Ministério Público, de R$ 280 milhões.
A primeira vez que a Polícia
Federal alcançou o governo foi na Operação Sucupira, desencadeada em 2017. O
esquema descoberto envolve a Secretaria de Estado da Saúde, o Instituto de
Tecnologia em Informática e Informação de Alagoas (Itec), a Agência Reguladora
de Serviços de Alagoas (Arsal) e a Agência de Modernização da Gestão de
Processos (Amgesp). A fraude promovia a servidores públicos que exercem funções
relevantes no governo Renan Filho o acesso ilegal a curso de mestrado na Ufal.
Desde o início de sua gestão,
Renan Filho deixou claro em vários momentos que quem comanda o Executivo é ele
e mesmo nas negociações políticas para a composição do governo jamais deixou de
escolher os secretários para as pastas mais importantes e com maior volume de
recursos, a exemplo da Educação e da Saúde, ambas envoltas em investigações
federais.
Só nesta última pasta foram
realizadas as Operações Sucupira, Correlatos e, a última deflagrada na semana
que passou, Florence - Dama da Lâmpada.
A Operação Correlatos,
deflagrada em 2017, investigou um esquema que pode ter movimentado mais de R$
200 milhões para a compra fracionada de medicamentos na Secretaria de Saúde. No
inquérito, a PF revelou que a prática era comum dentro do órgão e, de 2010 a
2016, o montante envolvido no esquema é de R$ 237 milhões. As maiores cifras,
porém, são relativas a 2015 e 2016, primeiros anos de Renan Filho à frente do
governo de Alagoas.
A Operação Casmurros,
deflagrada pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal em setembro
último, levou à cadeia servidores comissionados da Secretaria da Educação,
pasta controlada pelo secretário e vice-governador Luciano Barbosa (MDB), e
também o diretor-presidente da Agência de Modernização da Gestão e Processos,
Wagner Morais, amigo pessoal do governador e que o acompanha desde a época em
que ele era prefeito de Murici. Na Casmurros, o esquema descoberto pelos órgãos
federais aponta para um complexo e nebuloso contexto de licitações suspeitas
que movimentaram mais de R$ 21 milhões.
A Operação Florence - Dama
da Lâmpada culminou com pedido e decretação da prisão de dezesseis pessoas -
incluindo servidores públicos estaduais e parentes de políticos citados em
esquema que desviou cerca de R$ 30 milhões da Secretaria de Estado da Saúde, a
partir de contratos fraudulentos que envolvia a empresa LP, da filha do
vice-governador Luciano Barbosa, e o Instituto de Ortopedia de Alagoas
(IORTAL), responsável pelo fornecimento de próteses e órteses aos maiores
hospitais de Alagoas.
Em um desdobramento da
Operação Lava Jato, em novembro passado, o governador Renan Filho foi intimado
a depor pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na investigação que apura o
recebimento de propina na campanha de 2014. A investigação do delegado da
Polícia Federal, Bernardo Guidali, apontou, após depoimento de delatores, que o
dinheiro de propina chegou até o comitê de Renan Filho "por meio de notas
fraudulentas" da empresa GPS Comunicação, que é de propriedade do
marqueteiro pessoal do governador, Carlos Adriano Gehres, e, também, de doações
para o diretório do MDB em Alagoas.
Após seis anos no comado do
Estado, Renan Filho se vê cada vez mais envolto em denúncias e acusações de
irregularidades apuradas por órgãos federais. Sobre as operações e as
implicações, ele mantém uma de suas principais características quando se trata
de denúncias contra si e o seu governo: se cala e não responde objetivamente
sobre nenhuma das acusações imputadas.
Por: Gazeta Web