foto/Divulgação/Cientistas analisaram 95 genomas coletados em 9 estados da federação |
Cientistas da fundação
também identificaram a sub-linhagem principal de transmissão comunitária do
vírus no país
Cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificaram pelo
menos 6 linhagens (cepas) do novo coronavírus (Sars-CoV-2) que circularam no
Brasil entre fevereiro e abril, anunciou a fundação na terça-feira (14). Também
foi identificada a principal sub-linhagem do vírus em circulação no país.
Os cientistas
analisaram 95 genomas completos do Sars CoV-2 coletados em pacientes de 9
estados (Rio de Janeiro, Espírito Santo, Acre, Amapá, Pará, Alagoas, Bahia,
Maranhão e Santa Catarina) e no Distrito Federal, e acharam as 6 linhagens
(A.2, B.1, B.1.1, B.2.1, B.2.2 e B.6).
O fato de
haver diferentes "tipos" em circulação não implica em possibilidade
de reinfecção por pessoas já afetadas por outra cepa. O vírus sofre mudanças
mas, em essência, mantém nas diferentes linhagens suas características
principais. As mutações são comuns em todos os vírus.
Os resultados
do estudo da Fiocruz ainda estão sendo avaliados para publicação em revistas
científicas (ainda não passou pela revisão de outros especialistas).
Origem europeia
A pesquisa
aponta para uma possível sub-linhagem europeia do vírus que, chegando ao
Brasil, sofreu mutações e deu origem ao subtipo brasileiro responsável pela
maior parte das transmissões comunitárias.
O mais
provável, segundo os cientistas, é que essa "versão" europeia tenha
chegado ao Brasil antes do dia 2 de fevereiro. Em solo brasileiro, o vírus
sofreu duas mutações, em sequência, que deram origem ao subtipo que se tornou
mais frequente nas transmissões locais. O primeiro caso de Covid-19 no Brasil
foi confirmado no dia 26 do mesmo mês.
Outra
possibilidade, remota, é de que o vírus tenha sofrido uma primeira mutação
ainda na Europa, antes de chegar ao Brasil, e só depois tenha passado pela
segunda. O que torna isto improvável, entretanto, é que há pouca prevalência do
vírus na Europa com a primeira mutação apontada pela pesquisa.
A
sub-linhagem B.1.1 brasileira (B.1.1.BR) foi a única encontrada em 18 pessoas
que não tinham feito viagem internacional recente. Foi assim que os
pesquisadores concluíram que este subtipo é, provavelmente, o responsável pela
maior parte da transmissão comunitária do vírus no país.
Além disso,
essa sub-classificação também pode ter sido exportada para países vizinhos e
outros, mais distantes, antes que restrições aéreas fossem implementadas no
Brasil.
Outro estudo brasileiro
Em 13 de
junho, um esforço colaborativo entre Brasil e Reino Unido divulgou o resultado
do sequenciamento de 427 genomas completos do Sars CoV-2 encontrados no Brasil.
Destes, 102 foram detectados como cepas iniciais, ou seja, mais de 100
linhagens que entraram no país logo no começo da pandemia.
Neste estudo,
os pesquisadores apontaram que apenas três linhagens conseguiram se espalhar,
apontando que o isolamento social pode ter ajudado a reduzir a diversidade das
cepas com maior circulação.
Ester Sabino,
uma das autoras, explicou ao G1 na época que as três cepas do começo -
sequências genéticas diferentes do novo coronavírus - que conseguiram se
espalhar pelo Brasil foram transmitidas antes da confirmação do primeiro caso.
Sem medidas de isolamento implementadas, como o fechamento das escolas e do
tráfego aéreo, a transmissão delas foi mais fácil.
Por:G1