Uma mulher de 31 anos é suspeita de assassinar os dois filhos pequenos, de 3 e 9 anos, e manter os corpos no apartamento da família por duas semanas, em Guarapuava (PR), a 250 quilômetros de Curitiba. Eliara Paz Nardes, 31, teve a prisão preventiva decretada nesta terça-feira (30) e ainda não tem defesa constituída.
Os corpos foram encontrados
no sábado (27), após a polícia ser acionada por um advogado que ela teria
contratado. Apenas mãe e filhos moravam no local.
Ao UOL, a delegada Ana Hass diz que a suspeita já estava aguardando os policiais em casa.
"Fomos prontamente atendidos. Quando entramos no apartamento, no quarto dela, encontramos as crianças deitadas. Elas pareciam que estavam dormindo na cama, mas já estavam mortas em estado avançado de decomposição. Ela disse que o menino foi morto mediante asfixia, com um travesseiro e, posteriormente, a menina enforcada com um cachecol, mas estamos esperando um laudo para confirmar com mais segurança. A suspeita teria cometido os crimes contra os próprios filhos há 14, 15 dias".
"Quando chegamos até o local, ela acabou sustentando que estaria cansada, muito sozinha e que não conseguia mais arcar com a criação das crianças, não só financeiramente, como também afetivamente. Em razão disso, disse que tinha intenção de se matar, e como as crianças não teriam com quem contar, segundo ela, acabou matando eles primeiro. Eu não sou psicóloga, psiquiatra, mas tenho a expertise do meu trabalho. Com tudo o que aconteceu, ela não parece que está arrependida. O único choro que senti foi quando ela viu que seria presa, já que não esperava isso", disse a delegada Ana Hass.
Durante o interrogatório oficial, ela optou por permanecer em silêncio. As datas das mortes também são controversas, segundo a Polícia Civil.
"Primeiro, a versão dela é que teria matado as crianças no mesmo dia. Por meio de outras provas, a gente soube que o menino foi morto no dia 13 e a menina no dia 17, pelo estado dos cadáveres. Só vamos confirmar isso pelo laudo, mas o menininho parecia que estava morto por mais tempo. Caso isso se comprove, a menina teria ficado ao lado do corpo do irmão por quatro dias".
Crimes premeditados
De acordo com a encarregada pela investigação do caso, a mãe das crianças tinha oito folhas com manuscritos, em duas partes separadas. Os relatos não eram endereçados e não tinham datas, mas abordavam o fato de ela estar muito cansada, sozinha e "não aguentar mais".
"Uma série de justificativas que me levam a abraçar a vertente de que ela estava estudando uma forma de se defender e atenuar o que fez. Tudo indica que foi premeditado. Não podemos afirmar isso com toda certeza, mas pela dinâmica dos fatos é possível confirmar com algum grau de segurança", Ana Hass.
As investigações apontam que a mãe das crianças levava uma vida normal nos dias que sucederam os assassinatos. Segundo a polícia, a mulher seguiu trabalhando normalmente, de casa, com ofertas de empréstimos consignados e que o estado de cozinha e banheiro indicariam uma vida normal de quem seguia "uma vida plena".
"Temos até relatos de policiais que receberam o contato dela oferecendo esse tipo de empréstimo durante esse período que já tinha matado as crianças. Uma das possibilidades é de que ela tentava arrumar uma forma de se livrar desses corpos. Como era um prédio todo monitorado e ela não tinha um veículo próprio, talvez ela tenha encontrado dificuldade para tomar alguma atitude", finaliza a delegada.
Eliara deve responder pelos crimes de ocultação de cadáver, homicídio e fraude processual.
O UOL entrou em contato com o pai das crianças, mas, por enquanto, ele não quis se pronunciar sobre o assunto.
O advogado que acionou a polícia no dia da prisão de Eliara, após ser contatado por ela, segundo a Polícia Civil, era um amigo dela de Santa Catarina, que não assumiu o caso. A irmã da suspeita, até o momento, só aceitou falar com a polícia. Até o momento, a mulher não teve defesa constituída. Nenhum profissional acompanhou a suspeita até a delegacia.
O UOL procurou a Defensoria Pública do Paraná para buscar posicionamento em defesa de Eliara. O órgão informou que, por regra, só atua em na fase processual, não na fase de inquérito, mas, que, apesar de prever exceções, nenhum defensor foi apontado para o caso e não há confirmação se um apontamento será solicitado.
Eliara Paz Nardes segue
presa, à disposição da Justiça
Fonte: UOL