O governador do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha, ficará 90 dias afastado do cargo. Em decisão publicada na madrugada desta segunda-feira (9), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), citou descaso e omissão por parte do governador e do então secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, que foi exonerado ontem.
“O descaso e a conivência do
ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e, até então, secretário de
Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres – cuja responsabilidade
está sendo apurada em petição em separado – com qualquer planejamento que
garantisse a segurança e a ordem no DF, tanto do patrimônio público – Congresso
Nacional, Presidência da República e Supremo Tribunal Federal – só não foi mais
acintoso do que a conduta dolosamente omissiva do governador do DF, Ibaneis
Rocha, que não só deu declarações públicas defendendo uma falsa “livre
manifestação política em Brasília” – mesmo sabedor, por todas as redes, que
ataques às instituições e seus membros seriam realizados – como também ignorou
todos os apelos das autoridades para a realização de um plano de segurança
semelhante ao realizado nos últimos dois anos, em 7 de setembro em especial,
com a proibição de ingresso na Esplanada dos Ministérios pelos criminosos
terroristas; tendo liberado o amplo acesso”, destacou o magistrado.
O chefe do Executivo local e
o secretário de Segurança exonerado Anderson Torres também serão incluídos no
inquérito que investiga atos antidemocráticos. A vice de Ibaneis, Celina Leão
(PP), assumirá o comando do Executivo local nesse período.
Moraes determinou ainda a
desocupação total do acampamento bolsonarista em frente ao Quartel do Exército,
na área central de Brasília, em até 24 horas. Os que insistirem, alerta o
ministro, poderão ser presos em flagrante e enquadrados em pelo menos sete
crimes diferentes. “Determino a desocupação e dissolução total, em 24 (vinte e
quatro) horas, dos acampamentos realizados nas imediações dos quartéis generais
e outras unidades militares para a prática de atos antidemocráticos e prisão em
flagrante de seus participantes pela prática dos crimes previstos nos artigos
2ª, 3º, 5º e 6º (atos terroristas, inclusive preparatórios) da Lei nº 13.260,
de 16 de março de 2016 e nos artigos 288 (associação criminosa), 359-L
(abolição violenta do Estado Democrático de Direito) e 359-M (golpe de Estado),
147 (ameaça), 147-A, § 1º, III (perseguição), 286 (incitação ao crime)”.
A desocupação deverá ser
feita pelas polícias militares dos estados e Distrito Federal, com o apoio da
Força Nacional e Polícia Federal se necessário, devendo o governador do estado
e DF ser intimado para efetivar a decisão, sob pena de responsabilidade
pessoal.
Em vídeo divulgado ontem (8)
a noite, Ibaneis Rocha pediu desculpas aos chefes dos Três Poderes. Segundo o
governador afastado, não se imaginava que os atos tomariam tal proporção.
“Quero me dirigir aqui, primeiramente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
para pedir desculpas pelo que aconteceu hoje em nossa cidade. Para a presidente
do Supremo Tribunal Federal [Rosa Weber], ao meu querido amigo Arthur Lira
[presidente da Câmara], ao meu querido amigo Rodrigo Pacheco [presidente do
Senado]”, disse.
Intervenção
Ontem, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva anunciou a publicação de um decreto que prevê a
intervenção na área de segurança pública do governo do Distrito Federal (GDF).
A intervenção vai até 31 de janeiro deste ano.
Agência Brasil.