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Vídeo obtidos por uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo
mostra os guardas sofrendo com os efeitos do produto.
Guarda Civil Metropolitana de São Paulo tem testado nos próprios guardas sprays de pimenta que utiliza em suas operações. Um vídeo obtido pela Folha de S.Paulo mostra os guardas sofrendo com os efeitos do produto. Após alguns minutos, um deles não suporta e pede para sair da sala.
As imagens contêm um membro da Iope (Inspetoria de Operações
Especiais), grupo especial da GCM, disparando forte carga de spray a poucos
centímetros dos olhos de sete guardas, que estão enfileirados.
"Aqui é para testar a eficácia do produto para saber se
dá para fazer uma contenção com algemação", diz uma pessoa que conduz a
atividade.
"Isso aqui infelizmente tem que ser no olho. Se você
errar, você perdeu", completa a mesma pessoa.
"Vão falando o que vocês estão sentindo para a gente ter
uma ideia", diz uma pessoa que não aparece no vídeo.
O organizador da atividade, então, depois de quase dois
minutos, solicita que levante a mão quem não esteja suportando a sessão. Um dos
participantes levanta a mão e é retirado da sala, ouvindo a recomendação de
lavar os olhos com "água em abundância".
Alguns dos guardas vestem uniformes camuflados por
pertencerem ao destacamento ambiental. Outros trajam o tradicional uniforme
azul.
Para Rafael Alcadipani, professor e pesquisador da FGV, o
vídeo mostra indícios de abuso e um treinamento ministrado de maneira pouco
profissional.
"Faltou um treinamento mais profissional e que não
exponha os profissionais ao ridículo, com jocosidade, piadinhas. O uso de
armamento menos letal por parte da GCM é preferível sempre, e é até
recomendável que o guarda saiba os efeitos dos armamentos que utiliza. No
entanto, não pode haver humilhação, como parece ser o caso".
"Parece que uma grande quantidade de spray é colocada
nos olhos dos guardas. Há indícios de abuso no vídeo. Quanto o guarda precisa
sentir para aprender efetivamente? A quanto gás ele tem que ser exposto para
aprender o que precisa? Esses limites são muito tênues e a possibilidade de
abuso é grande nesses casos. A gente sempre quer ver a GCM como uma polícia
próxima à comunidade. Esse vídeo mostra indícios de que ela está longe desse
desejo de todos ", completa.
A atual gestão municipal, iniciada por João Doria (PSDB) e
assumida por Bruno Covas (PSDB), já se envolveu em outras polêmicas envolvendo
a GCM.
Em setembro do ano passado, Doria tentou renomear a GCM, que
passaria a se chamar "polícia municipal". O prefeito chegou a posar
para fotos com veículos envelopados com a nova marca, mas a Justiça o proibiu
de fazer a mudança de nome.
Em março de 2018, reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que
o comandante-geral da GCM, Carlos Alexandre Braga, nomeado por Doria, é réu sob
a acusação de desvio de dinheiro público e falsificação e uso de documento
público falso. Braga foi afastado da função, mas voltou ao cargo
posteriormente.
Em nota, a Guarda Civil Metropolitana informa que "as
imagens apresentadas fazem parte de um curso de 40 horas ministrado pelo IOPE
(Inspetoria de Operações Especiais), devidamente credenciado e com o aval da
Academia de Formação em Segurança Urbana da Guarda Civil Metropolitana. O curso
contém aulas teóricas, como noções de Direito Penal e de Direitos Humanos, e
também conta com aulas práticas."
"Os GCMs que estão participando do curso são
voluntários, e seus capacitadores foram devidamente treinados na empresa para
utilizar os espargiadores individuais, modelo GL 108 E, cujo principio ativo de
capsaicina natural, um composto de gás de pimenta e espuma, perde seus efeitos
imediatamente quando em contato com água.
A finalidade é conhecer os efeitos do
produto para uma utilização mais adequada quando necessário. É importante
ressaltar que os instrutores são capacitados pela empresa Condor, que possui o
aval do Exercito Brasileiro para comercialização do produto", completa.
Com informações da Folhapress.