Alex capuano/Cut |
Pesquisa revela que professores não recomendariam profissão
aos jovens por considerá-la desvalorizada. Um terço da categoria está
insatisfeita com a profissão
Quase metade (49%) dos professores brasileiros não
recomendaria a própria profissão para um jovem por considerá-la desvalorizada.
Apenas 21% afirmam estar totalmente satisfeitos com a atividade docente. Um
terço (33%) diz estar totalmente insatisfeito com a profissão.
Os dados são da pesquisa Profissão Docente, da organização
Todos Pela Educação e do Itaú Social, que ouviu 2.160 professores da educação
básica (da educação infantil até o ensino médio) das redes pública e privada de
todo o Brasil. A pesquisa, divulgada nesta segunda-feira (30), foi realizada
entre os dias 16 de março e 7 de maio deste ano. A margem de erro é de dois
pontos percentuais.
Entre os professores entrevistados, 68% são mulheres, com
média de 43 anos de idade e 17 de carreira. A maioria (70%) possui
especialização e 56% dá aula na rede pública municipal.
De acordo com o levantamento feito pelo Ibope Inteligência em
parceria com a rede Conhecimento Social, 78% dos professores afirmam ter
escolhido a carreira principalmente por aspectos ligados à afinidade com a
profissão, como o prazer por ensinar ou transmitir conhecimento (34%) e a
aptidão e talento para ser professor (13%).
Formação
Os docentes apontam como medidas mais importantes para a
valorização da carreira, a formação continuada (69%) e a escuta dos docentes
para a formulação de políticas educacionais (67%). Eles consideram urgente a
restauração da autoridade e o respeito à figura do professor (64%) e o aumento
salarial (62%).
Remuneração
A remuneração média dos professores no Brasil atualmente,
segundo a pesquisa, é de R$ 4.451,56. A maioria dos docentes (71%) tem a
profissão como principal renda da casa e 29% afirmam ter outra atividade como
fonte de renda complementar.
63% dizem trabalhar em um colégio, enquanto 30% dizem
trabalhar em dois.
Sala de aula
Segundo a pesquisa, um em cada três professores tem contrato
com carga horária de menos de 20 horas semanais, o que pode ter impacto na
renda e no cumprimento de um terço da carga horária, prevista na Lei do Piso do
Magistério para atividades extraclasse.
Os professores ouvidos pela pesquisa consideram que é papel
das secretarias de Educação oferecer oportunidades de formação continuada
(76%), mas não concordam que programas educacionais estejam alinhados à
realidade da escola (66%). Eles apontam, ainda, a falta um "bom canal de
comunicação" entre a gestão e os docentes (64%), e dizem que não há
envolvimento dos professores nas decisões relacionadas às políticas públicas
(72%). Também consideram aspectos ligados a carreira mal atendidos, como o
apoio a questões de saúde e psicológicas (84%) e ao salário (73%).
Fonte/ CUT