O serviço geológico do Brasil
está tentando descobrir por que um bairro de Maceió está afundando. Este
fenômeno ameaça mais de 2 mil imóveis.
O bairro do Pinheiro, em
Maceió, tem cerca de 19 mil moradores. Há quase um ano, eles sofrem com o
aparecimento de rachaduras nas ruas e dentro das casas.
O problema começou em
fevereiro de 2018, após uma forte chuva, e piorou em março, com um terremoto de
2.5 na Escala Richter. “Desde o tremor que teve, a gente vem acompanhando como
é que está essas rachaduras, né? Tem assustado porque, gradativamente, está
aumentando”, diz o professor de educação física José Maria Galvão Júnior.
Numa casa, as rachaduras estão
por todos os lados. No quintal, um grande buraco se abriu. A Defesa Civil
instalou réguas para monitorar as rachaduras. Metade da casa está afundando; já
são quatro centímetros, o que dá para ver na parede.
“Eu não tenho como sair daqui.
Se sair, vou pagar aluguel. Eu não disponibilizo dessa situação. É muito
difícil”, afirmou o comerciante José Rinaldo Januário de Oliveira.
Segundo a Defesa Civil, as
rachaduras atingem mais de 2 mil imóveis. Com medo, muitos moradores deixaram
as suas casas. Foi o que aconteceu em um conjunto habitacional, que hoje está
abandonado. “Muitas não têm para onde ir, muitas têm que ir para casa de
família, morar de favor. É muito triste ver essa situação”, conta a enfermeira
Amanda Cavalcante.
O serviço geológico do Brasil
investiga o que pode estar fazendo o bairro afundar, provocando as rachaduras.
Mas pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte já apontam
algumas hipóteses, como a exploração de sal na região; o surgimento de uma
dolina, um fenômeno geológico que ocorre quando parte do solo cede formando uma
cratera; ou até mesmo a localização do bairro numa área tectonicamente ativa.
O governo federal reconheceu a
situação de emergência decretada pela prefeitura. A Defesa Civil começou a
cadastrar os moradores e aguarda a liberação de recursos para dar assistência.
“Até que se saia os estudos, a
gente possa, paulatinamente, ir tirando as famílias, que é o plano de
contingência de ir retirando as pessoas que foram afetadas”, explica Dinário
Lemos, coordenador da Defesa Civil em Maceió.
“O medo é a sensação mais
forte que existe entre nós. O medo e angústia. Eu tenho uma criança de 10
anos... E vejo a minha filha circular aqui dentro. É muito difícil”, lamenta o
comerciante José Rinaldo.
Por;G1