Momento da prisão do ex-presidente Michel Temer em São Paulo Foto: Reprodução |
Michel Temer dá posse a Moreira Franco no Ministério de Minas e Energia Foto: Jorge William / Agência O Globo |
A força-tarefa da Lava-Jato
prendeu na manhã desta quinta-feira o ex-presidente Michel Temer e seu
ex-ministro das Minas e Energia Moreira Franco. Agentes da Polícia Federal (PF)
cumpriram 10 mandados de prisão - oito preventivas e duas temporárias em São
Paulo, Rio, Porto Alegre e Brasília.
A ordem dos mandados de prisão é do juiz
Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A ação,
denominada Descontaminação, é um desdobramento da Operação Radioatividade, que
investiga desvios nas obras da Usina de Angra 3 e tem como base a delação do empresário
José Antunes Sobrinho, dono da Engevix, que menciona pagamentos indevidos de R$
1 milhão em 2014.
À PF, o empresário detalhou as
negociações com o coronel João Baptista Lima, amigo de Temer e apontado como
seu principal operador pelos investigadores, além das pressões sofridas para
fazer pagamentos ao MDB.
O Ministério Público Federal,
na peça que sustentou o pedido de prisão de Temer, alegou que “foi possível
demonstrar também que o dinheiro desviado dos cofres públicos serviu para
custear reforma na casa de Maristela Temer, filha do ex-presidente da
República.
Em seus depoimentos, Sobrinho
afirma que foi procurado por Lima em 2010, sob promessa de interferência no
projeto da obra de Angra 3 com o aval de Michel Temer, em troca do pagamento de
propina. Posteriormente, Antunes relata ter sido assediado entre 2013 e 2014
pelo coronel Lima e pelo ministro Moreira Franco (Minas e Energia) para fazer
doações ao MDB. Antunes relata que foi levado para encontros pessoais com
Michel Temer tanto por meio do coronel como por meio de Moreira Franco.
"Acredita que no final de
2013 ou início de 2014, o depoente foi levado por Moreira Franco para um almoço
no Palácio do Jaburu, em Brasília/DF, com o senhor Michel Temer, então
Vice-presidente da República, ocasião em que além de amenidades discutidas,
Moreira Franco discorreu para o senhor vice-presidente sobre as concessões
importantes em que o Grupo Engevix do depoente estava envolvido, ocasião em que
Moreira também falou claramente para o senhor vice-presidente que o depoente
estava disposto a ajudar com as demandas do partido (PMDB)", disse em seu
depoimento.
A colaboração do doleiro Lúcio
Funaro, homologada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF, à
qual o GLOBO teve acesso, narra que o Coronel Lima atuava como operador do
presidente Temer, atuando junto à empresa estatal Eletronuclear, responsável
pela obras da Usina de Angra 3, à epoca
presidida pelo Almirante Othon Luiz, também alvo de buscas em seu prédio, em Ipanema.
Inicialmente, ex-ministro
Padilha foi colocado na lista de presos, mas informação não se confirmou.
"Garantia da Ordem"
O juiz federal Marcelo Bretas
usou como fundamento para prisão preventiva do ex-presidente Michel Temer (MDB)
o artigo do Código de Processo Penal que prevê “garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício
suficiente de autoria”.
Confira momento da prisão no vídeo abaixo:
Confira momento da prisão no vídeo abaixo:
Por: O Globo/ Vídeo: Youtube