Angela Lima relatou a experiência de ser uma professora cega ensinando para alunos com visão. |
Para qualquer estudante,
esses momentos causam tensão, agora, imagine se você tem que superar essas
etapas enfrentando algum tipo de deficiência física? Dá então para ter uma
noção de como foi gratificante para a estudante de Pedagogia do Campus
Arapiraca, Angela de Almeida Lima, ter sido a primeira estudante cega a
defender o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no dia 20 de maio, e
conquistar a aprovação com nota 10!
Os professores e colegas
também comemoraram o exemplo de superação. O trabalho é intitulado O Brincar
Livre e a Inclusão: a perspectiva de uma professora cega com alunos videntes. O
estudo foi orientado pelo professor Rafael Belo, mestre em Educação, e teve
como referencial metodológico a pesquisa (auto)biográfica. A banca foi composta
pelas professoras Maria Dolores Fortes Alves e Renata Maynart, doutoras em
Educação e docentes do Centro de Educação (Cedu).
“A defesa deste trabalho representa uma grande
vitória para o curso de Pedagogia, pois apesar de toda dificuldade
institucional, como a falta de uma impressora de braille e de um piso tátil
durante a maior parte de sua formação, houve o fundamental envolvimento e
compromisso do corpo docente em proporcionar acessibilidade”, destacou Rafael
Belo.
O trabalho desenvolvido por
Angela fez parte das atividades do Grupo de Pesquisa Práticas de Aprendizagens
Inovadoras e Integradoras, coordenado pelo professor Rafael Belo.
Na monografia, a estudante fez uma pesquisa,
fundamentada em referências bibliográficas, sobre a experiência de ser uma
professora cega ensinando para alunos com visão. “Os resultados apontados na
pesquisa apontam para as possibilidades do brincar livre, ou seja, como essas
crianças podem se desenvolver e aprender através da brincadeira livre,
sobretudo no que se refere como uma professora cega pode trabalhar com crianças
videntes, além de explicitar a forma como ocorreu sua inclusão na turma de educação
infantil”, explicita a estudante no trabalho.
Na monografia, Angela relata
a questão da inclusão, com todos os seus desafios pessoais e coletivos, desde
que ela começou a estudar até se tornar uma professora. “Como professor
universitário, ou seja, como formador de professores, considero que é uma
obrigação e um compromisso ético-político de todo professor aceitar o
enfrentamento do desafio da inclusão”, defende Rafael Belo. E ressalta: “Este
enfrentamento passa por dois aspectos: a busca de conhecimentos e metodologias
que garantam a acessibilidade e por uma mudança na atitude em relação ao outro
e à educação, onde o respeito e a consideração empática tornam-se prioridade.
Na Ufal, temos núcleos de pesquisa e estudo que tratam da inclusão, além de
cursos de curta duração aberto para docentes e técnicos”.
Após a aprovação com nota
máxima, Angela e os professores esperam que o trabalho seja impresso em Braile
e fique disponível na biblioteca para que outras pessoas cegas possam ter
acesso e se inspirar nessa experiência. Como disse Angela durante a
apresentação do TCC, “para enxergar, muitas vezes não se precisa dos olhos, mas
da visão do coração”.
Por:Ufal.br