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Foto: Reprodução |
Morte do militar reacendeu
debate sobre suicídio entre policiais
Uma carta de despedida
publicada nas redes sociais por um policial militar que cometeu suicídio
viralizou. Em um texto comovente, o cabo da Policia Militar de Minas Gerais
Francisco Barroso, de 28 anos, relata a luta contra a depressão e o alcoolismo.
– Infelizmente, através
desta, despeço-me de tudo e todos. Estou cansado de mim mesmo, de fazer
bobagens, de beber demais. Há alguns tempos travei uma batalha contra a
depressão e o uso abusivo de álcool, mas, infelizmente, perdi – escreveu
Francisco.
O militar, que havia acabado
de se formar em Direito, pediu perdão a Deus. Ele também fez um alerta para o
problema da depressão e de outros transtornos psicológicos que afetam os
policiais.
– Peço perdão aos que ficam
e, principalmente, a Deus. Que receba minha alma de braços abertos e faça parar
a vergonha constante que sinto de mim mesmo. Sempre fui uma boa pessoa e jamais
prejudicaria alguém, mas tão somente eu mesmo. Foram 9 anos na Polícia Militar
e eu vos digo, caros amigos: cuidem-se! A polícia é super estressante e, como
no meu caso, pode ser fatal – apontou.
Francisco, que deixa a mãe e
o irmão, entre outros familiares, afirma que nenhuma das pessoas próximas a ele
tem culpa pela tragédia.
– Ninguém tem culpa de nada.
Essa é uma decisão minha. Cuidem-se e não me julguem. Orem por mim. E quero que
se lembrem sempre de mim pelos sorrisos, pelas brincadeiras. Para meus
familiares: doem meus órgãos. Ajudem quem realmente precisa – pediu.
O policial militar do Rio de
Janeiro Gabriel Monteiro, a quem Francisco seguia nas redes sociais, publicou
um texto em seu Instagram comentando o incidente com o colega de farda mineiro.
– Chegou ao meu conhecimento
o suicídio de mais um policial. Mais um seguidor vencido pela angústia. A
depressão é uma doença séria, que mata, e mata muito. Pelo menos três policiais
nos últimos meses que me seguiam tiraram suas vidas. O trabalho policial é
extremamente delicado. De antemão anuncio que minha equipe e todo (baixo)
recurso financeiro que recebemos está disponível a você, herói da sociedade.
Gabriel também denuncia o
descaso com o qual a corporação militar trata casos de distúrbios psiquiátricos
entre seus agentes de segurança e reforça o apoio aos colegas.
– Se você é policial e está
precisando de ajuda, comunique-nos. Não é vergonha procurar auxílio. Eu tenho
certeza que há muitas pessoas que te ama e que necessitam de você com saúde. A
Polícia trata o doente com total desprezo e desassistência. Contudo, estamos
aqui para te valorizar – escreveu.
A morte do jovem policial
trouxe à tona a discussão sobre a depressão entre policiais e o quanto esta
profissão pode facilitar a entrada em quadros de transtorno psicológico.
De acordo com um
levantamento da Ponte Jornalismo, portal de notícias especializado em segurança
pública, somente em São Paulo houve 71 casos de suicídio de policiais, civis e
militares, nos anos de 2017 e 2018. Destaca-se que, de 2017 a 2018, foi
registrado um salto de 73% neste índice, com 20 mortes em 2017 e 51 em 2018.
Outro dado alarmante foi
constatado pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção (GEPeSP), da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). O grupo concluiu que, no Rio de
Janeiro, policiais têm quatro vezes mais chances de cometerem suicídio do que
agentes de outros estados. Os pesquisadores chegaram à conclusão que o grau de violência
no estado é determinante para este problema.
Entre os agentes que são
diagnosticados e tratados com transtornos psicológicos os números também
assustam. Somente no Rio de Janeiro, entre os meses de janeiro e agosto de
2018, 2,5 mil policiais foram afastados de suas funções por causa de
transtornos mentais.
Por:Pleno News