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Foto/ Ailton Cruz |
Atualmente Lessa é o presidente do Diretório Estadual do PDT e vice-presidente da legenda na Região Nordeste
Lessa não fala em
"traição", mas reconhece estar decepcionado com o fato de ter ajudado
o governo em seu primeiro mandato, atuando como coordenador da bancada federal,
na articulação política para a redução do pagamento dos juros da dívida, que
caiu de 22% para 5,5%, inclusive com período de carência.
"Hoje ele paga 5,5% de
juros e ainda teve carência, o que lhe proporcionou fazer um caixa de R$ 1
bilhão. Essa participação nossa foi importante naquele momento. Mas o segundo
governo eu já não posso dizer a mesma coisa. O Renanzinho não está
correspondendo. A prioridade dele é outra. Senti isso quando fui administrar
uma pasta importante - a Secretaria de Agricultura - num estado que é
essencialmente agrícola, pesca e com pecuária, e o cara não deu
prioridade", afirmou o ex-governador. "O desenvolvimento se dá quando
se trabalha com harmonia, o grande o pequeno. Mas o Canal do Sertão está lá
abandonado, sem projeto nem para o grande nem para o pequeno. Mesmo assim, não
saí chutando o balde. Não cuspi no prato que comi", reforçou.
Ele disse, ainda, que
diverge da forma como o governo tem aplicado os recursos do Fecoep, que surgiu
em seu governo e como foi aprovado pela Assembleia Legislativa Estadual (ALE),
à época. Conforme lembrou, o dinheiro era para a erradicação da pobreza, e não,
para muitas coisas que estão sendo feitas como obras de engenharia, em especial
a construção de unidades hospitalares. "Para ele, a pobreza não é
prioridade. Isso é sim um ponto divergente nosso", apontou Lessa.
Compromisso
Do ponto de vista político,
Ronaldo Lessa lembrou também que o governador não cumpriu com um acordo que foi
construído na formação do "chapão", que era o de viabilizar a saída
de algum deputado para que ele se mantivesse em Brasília (DF), já que seu
trabalho como deputado vinha sendo reconhecido.
"Isso aí não foi para
mim. Não tinha um número específico e nem sabia que ia perder. Na hora da
composição, ele [Renan] foi quem disse que eu deveria ficar lá, pois tinha sido
coordenador da bancada por quatro anos e sempre eleito por unanimidade. Então
faria um rodízio para que eu permanecesse. Isso era o compromisso antes da
eleição. Não foi feito e eu aceitei. Havia a secretaria e não sei se ele fez
isso para me perseguir. Se ele queria me destruir politicamente ou não, o
problema é dele e está dentro do queria fazer. Agora, o que estava ocorrendo
era evidentemente isso. O Programa do Leite, de sementes, questões com
agricultura familiar, erradicação da pobreza, entre outros. Depois, como é que
vou estar no governo com um terço de orçamento do que eu mandava quando era
governador?", questiona Ronaldo Lessa.
Diante de um contexto de
bastidores tão conturbado, com acordos descumpridos, com falta de
reconhecimento da atuação parlamentar, inclusive viabilizando politicamente e
economicamente o governo, Ronaldo Lessa voltou a enfatizar. "Minha relação
política com os Calheiros [senador Renan e o governador Renan Filho] acabou.
Pra mim está encerrado. Temos pontos absolutamente divergentes e eu espero
continuar minha carreira política com oposição ao governo".
Por essa razão, não está
descartada, por exemplo, a expulsão de Rafael Brito, atual secretário Estadual
de Turismo, que vem sendo cogitado para o eventual cargo de vice numa
composição apoiada pelo Palácio República dos Palmares. O assunto não é tratado
como oficial no governo, porém, já chegou a ser especulado. Ele é casado com a
sobrinha de Ronaldo Lessa e também é filiado ao PDT. Uma outra sobrinha, a
jornalista Mariana Lessa, trabalha ao lado do governador Renan Filho e já teria
sido alvo de algumas brincadeiras, em que o chefe do Executivo lhe teria
indagado sobre de que lado ficaria, caso o tio saísse como candidato a
prefeito.
"Não posso cobrar um
posicionamento da família e submetê-la a um constrangimento desses. Mas, se ele
convidou o Rafael para ser vice do Alfredo (Gaspar), até pode ser, mas terá que
sair daqui. Trato isso sem nenhuma questão pessoal. Já houve aqui um pedido de
expulsão dele, pelo Heth César, e não foi definido, mas tem um parecer contra
porque, a época em que isso ocorreu, não havia uma obrigação de que todos entregassem
o cargo. Mas, se insistirem nisso, ele vai ser candidato por outro
partido", revelou.
Experiência
Atualmente Lessa é o
presidente do Diretório Estadual do PDT e vice-presidente da legenda na Região
Nordeste. Além de discutir o processo eleitoral na capital, também articula o
interior. Mesmo com a força que possui internamente e o poder de influência
fora do partido, não quer fazer imposições sobre uma possível candidatura a
prefeito.
Mesmo sem "bater o
martelo" sobre o pleito, reconhece que, diante do cenário posto, com os
nomes já apresentados, enquanto cada um vai ter que dizer "o que vai
fazer", sabe que terá a confortável situação de dizer "que já
fez" e saiu sem máculas em sua trajetória como gestor. Quanto a isso, ele
lembra os concursos públicos que organizou, investimentos em Educação,
Infraestrutura e do quanto contribuiu para a mudança da imagem nacional de
Alagoas.
"O maior capital
político meu é exatamente esse. Fui vereador, deputado estadual, prefeito,
governador e deputado federal. Então isso é o que é a diferença. Enquanto os
outros vão dizer que irão fazer, eu já fiz muita coisa, como a reorganização do
Estado, os concursos, a infraestrutura do turismo, que explode agora, com a
ampliação do Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, a construção do Centro
de Convenções e até a retirada da Ceasa do Centro de Maceió. Mudamos a imagem
do Estado marcado pela violência. A PM nossa recebeu o prêmio nacional de
Direitos Humanos, antes era chamada de 'gangue fardada'. Essa mudança de qualidade
com a cultura que nós incentivamos, com a criação da primeira secretaria do
Brasil de políticas para a mulher e que hoje é uma exigência, à época fomos
vanguarda. Além disso, criamos o Centro de Gerenciamento de Crises, que é
referência para todo o Brasil. Todo o País copia daqui", relembrou Lessa.
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Por: Marcos Rodrigues/Gazeta Web