Fazendeiro Elmi Caetano foi indiciado por ajudar Lázaro Barbosa a fugir da polícia em Goiás — Foto: Wesley Costa/O Popular |
Promotora de Justiça requisitou a instauração de investigação complementar do filho de Elmi Caetano, pois há indicativos de sua participação na fuga de Lázaro.
O Ministério Público de
Goiás (MP-GO) denunciou nesta quarta-feira (30) o fazendeiro Elmi Caetano, de
73 anos, por ajudar Lázaro Barbosa a fugir da polícia durante a fuga em
Cocalzinho de Goiás e por posse irregular de arma de fogo. Lázaro morreu em
confronto com policiais em Águas Lindas, após ser procurado por 20 dias
seguidos.
O G1 pediu um posicionamento da defesa do fazendeiro sobre a denúncia, às 19h20, por mensagem e aguarda retorno. Os advogados, no entanto, sempre negaram qualquer tipo de envolvimento com Lázaro Barbosa.
A promotora de Justiça Gabriela Starling Jorge Vieira de Mello requisitou a instauração de investigação complementar do filho de Elmi Caetano, pois há indicativos de sua participação na fuga de Lázaro.
A denúncia foi oferecida à Justiça depois de a Polícia Civil indiciar Elmi Caetano por favorecimento na fuga e posse irregular de arma de fogo. O caseiro que foi preso junto com ele pela mesma suspeita foi inocentado e liberado da prisão.
O MP-GO disse que
"ficou claro que ele [caseiro] não tinha domínio, influência ou mesmo
consciência clara a atuação dolosa e espúria praticada pelo seu
empregador".
O secretário de Segurança
Pública, Rodney Miranda, explicou que a morte de Lázaro não encerra todas as
investigações sobre o caso.
"São 30 crimes que são
de autoria confirmada dele. Temos oito em aberto, já com todos os indícios que
foi ele que cometeu. Temos agora que ver se ele estava indo sozinho, se tem
algum coautor nesses crimes ou algum mandante", disse.
Pistas falsas
Dias antes de ser preso, o
fazendeiro abordou o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda,
durante buscas para dar pistas falsas sobre o paradeiro do fugitivo.
Em buscas por matas da região, no sábado (19), o secretário contou que foi abordado por ele na porta da fazenda. O homem relatou que Lázaro teria fugido para outra propriedade da região, enquanto o abrigava na sua casa.
"Quando eu voltava, um senhor nos parou na porta de uma fazenda, era o [fazendeiro preso], me falando que o Lázaro tinha passado na propriedade dele, amassado uma cerca e que estava na propriedade vizinha", contou Miranda ao Podcast do Fantástico.
Seis dias depois do primeiro
encontro, o secretário voltou à região na quinta-feira (24) para prender duas
pessoas suspeitas de ajudar a fuga. Chegando ao portão da fazenda, Miranda
relata que se lembrou do local e do fazendeiro.
"No dia da prisão [24],
quando estávamos indo para lá, eu entrei no portão e falei: ‘Opa. Eu sei quem é
esse sujeito, é o cara que me procurou'. Ele estava fazendo uma
contrainformação ali para sentir, e possivelmente, para 'vazar' com o
sujeito", ressaltou.
O secretário de Segurança
Pública explicou que a morte de Lázaro não encerra todas as investigações sobre
o caso.
"São 30 crimes que são
de autoria confirmada dele. Temos oito em aberto, já com todos os indícios que
foi ele que cometeu. Temos agora que ver se ele estava indo sozinho, se tem
algum coautor nesses crimes ou algum mandante", disse.
Relação de proximidade
O depoimento de um major do
da PM relata que o caseiro revelou uma relação de proximidade entre o
fazendeiro e a família de Lázaro. O patrão teria prestado auxílio financeiro
aos familiares quando o irmão de Lázaro morreu.
A mãe e o tio do fugitivo já
trabalharam para o fazendeiro. No dia em que a polícia conseguiu entrar na casa,
um militar viu o nome do tio de Lázaro escrito com tinta numa parede da
residência.
Reféns eram obrigados a
cozinhar
As investigações já haviam
apontado que o criminoso também forçava as vítimas a tiraram as roupas e as
obrigava a cozinhar para ele.
Foi o que aconteceu quando ele fez um casal e a filha adolescente reféns. Segundo o irmão da garota, os parentes que foram ameaçados pelo criminoso contaram que precisaram se despir e eram ameaçados constantemente.
Os policiais descobriram ainda que Lázaro, ao invadir as chácaras, pegava alimentos e itens de higiene para se manter em fuga. Imagens feitas por uma moradora e outras por policiais mostram casas todas reviradas, que podem ter sido alvos de Lázaro.
Segundo a Polícia Civil, os crimes em que as investigações apontaram que Lázaro agiu sozinho serão arquivadas. No entanto, os inquéritos em que há indícios de participação de outras pessoas seguem sendo apurados.
Por Rafael Oliveira, G1 GO